A temporada de pesca estava para começar. Tinha o início previsto para a meia noite.O menino de onze anos e seu pai estavam ansiosos para que começasse logo.Saíram ao cair da tarde para fazer uma pescaria, onde só seria válida a pesca de peixes permitidos pela lei florestal.Lá foram eles. Andaram um pouco mata a dentro e pararam no cais próximo à casa.O menino lançou o anzol na água e após horas de espera sentiu sua vara balançar.
Tinha fisgado um peixe , e ao que parecia, um peixe fora do tamanho comum.Veio puxando com a ajuda do pai e de repente pula pra fora do rio um peixe enorme. Era tão grande que nem o pai , nem o menino de onze anos, tinham pego peixe daquele tamanho.O tiraram do anzol e comemoraram muito. O pai , sabendo que a temporada de pesca começaria só à meia noite, avisou o menino:- filho, ainda são 10 da noite. Faltam duas horas para que se comece a temporada de pesca. Devolva o peixe e vamos esperar meia noite para que possamos pegar outro.- mas pai - insistiu o menino- nunca peguei um peixe assim e sei que dificilmente pegarei outro. Não tem ninguém nos vendo, me deixe ficar com o peixe vai.O pai não disse mais nada.
O menino conhecia as regras. O pai estava acostumado a falar uma única vez e pronto. Assunto encerrado.O menino olhou firmemente para o enorme peixe e o devolveu ao rio.Trinta anos depois o garoto já crescido, ainda lembrava daquele lindo peixe. E ele estava certo. Nunca mais pescou um daquele tamanho. E se lembrava também do que seu pai o ensinou naquela noite.Ética. Esse foi o aprendizado.É muito fácil obedecer a uma regra quando todos estão te olhando. Difícil é fazer com que a ética permaneça mesmo na calada da noite, na escuridão, quando ninguém estiver por perto para corrigir.
